Museu da Cerveja

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Museu da Cerveja!

A visita ao maior complexo cervejeiro da Serra da Mantiqueira não estaria completa se você não conhecesse a história da bebida milenar que se tornou a favorita do brasileiro e, claro, a nossa.

Essa exposição ao ar livre no Parque da Cerveja Campos do Jordão reúne ilustrações e informações que transcorrem os anos para te contar, em detalhes, a incrível jornada da cerveja.

Fontes de pesquisa: Livro “Larousse da Cerveja: a história e as curiosidades de uma das bebidas mais populares do mundo” e apoio do Embaixador Matheus Aredes.

Pré-história

A cerveja é tão presente na vida do ser humano que sua história tem início juntamente com o desenvolvimento da civilização. O relato mais antigo da produção desse líquido que se tem conhecimento é o da Caverna de Raqefet, onde hoje está localizado Israel, entre 11.700 e 9.700 a.C, onde viviam os Natufianos, um grupo de caçadores-coletores, que podem ter sido os primeiros a produzir a cerveja, por acaso. Eles a utilizavam em rituais para honrar seus mortos.

Confira a história completa no audioguia abaixo:

O Líquido Sagrado

A cerveja passou a ser considerada um alimento e era consumida principalmente por seu valor nutricional, sendo produzida em escala pelas mulheres do Egito, onde teve sua importância histórica reconhecida pela primeira vez. Em meados de 4.000 a.C., ela foi considerada sagrada e associada aos deuses, por conta de seu efeito inebriante. Algumas deusas conhecidas por sua relação com a cerveja são Nin-Harra, Hathor, a “Deusa da Embriaguez” e Ninkasi, a “Deusa Suméria da Cerveja”.

Existiam, ainda, cerca de 30 a 40 tipos de cerveja na época. Saiba mais sobre o líquido sagrado no audioguia abaixo:

As Primeiras Civilizações

Para os sumérios, a cerveja se chamava Sikaru e possuía quase 20 tipos de variações, que serviam como remédio, pagamento a trabalhadores e oferenda aos deuses, sendo fundamental na economia da época. Com isso, algumas regulamentações surgiram e a bebida, sua produção e venda passaram a ser inclusas nas leis, como as Tábuas de Ebla, datadas de 2.500 a.C. e o Código de Hamurábi, de 1.730 a.C., a mais antiga referência de leis.

Você sabia que os trabalhadores das pirâmides recebiam 4 litros de cerveja por dia? Clique no audioguia abaixo e confira essa e outras curiosidades:

O Início da Expansão

A cerveja teve seus altos e baixos já nesse período. Em 3.000 a.C. ela chegou aos gregos, mas não foi bem aceita, perdendo popularidade. Porém, devido a outra rota de difusão na Mesopotâmia, a bebida se tornou importante na Galícia, Germânia e Gália, onde ganhou o nome de Cerevísia, em homenagem à Ceres, deusa da colheita e da fertilidade. No Egito, ela se chamava Zythum. Mesmo com a expansão do Império Romano e sua cultura vinícola, a cerveja se manteve como bebida tradicional.

Ficou curioso? Clique no audioguia abaixo para ouvir toda a história:

A Igreja Católica e a Cerveja

A produção sistematizada da cerveja começou nos mosteiros. No século VI, os monges Columbano e Galo fundaram diversos mosteiros pela Europa, com instalações para a fabricação de cerveja. Os monges eram alfabetizados e considerados intelectuais, tornando-se pesquisadores da bebida. Eles desenvolveram novas receitas e os mosteiros passaram a ser a única instituição medieval capaz de produzir cerveja em larga escala. Além disso, eles bebiam de 5 a 8 litros por dia.

No audioguia abaixo, você confere toda essa trajetória:

A Idade Média

A cerveja se tornou mercadoria e importante atividade econômica na Dinastia Carolíngia, do Imperador Carlos Magno. No século VIII, ele publicou o Capitulare de Villis, um conjunto de regras para administrar suas terras e, nelas, as vilas tinham que ter, entre outras estruturas, uma cervejaria. Na produção da bebida, era usada uma mistura de ervas para inibir odores e enriquecer sabores, chamada Gruit, que continha alecrim, artemísia, aquileia, urze, gengibre, canela e anis. Nesse momento, eram consumidos aproximadamente 1 litro de cerveja por pessoa, por dia!

Você confere a história completa no audioguia abaixo:

A Lei da Pureza

Na Idade Moderna, a Reforma Protestante enfraqueceu os mosteiros cervejeiros da Europa e a Renascença estabeleceu algumas regras para a fabricação de cerveja. O lúpulo passou a ser difundido pela Igreja Protestante, mesmo já sendo utilizado no século IX. E, para estabelecer uma padronização na produção, em 1487, o Duque Alberto IV da Baviera exigiu um juramento público dos cervejeiros, ação que inspirou Guilherme IV e Luiz X, em 1516, a promulgarem a Reinheitsgebot, a Lei da Pureza, que determinava regulamentações para a bebida.

Fato muito curioso, não é? Clique no audioguia abaixo para entender a história:

A Era do Desenvolvimento

A partir do século VIII, a cerveja se tornou suprimento e se transformou em atividade industrial. Em 1040, surgiu a cervejaria que mantém suas atividades até hoje, o Mosteiro Weihenstephan, localizado em Freising, na Alemanha. Com a atividade cervejeira se espalhando, surgiram os primeiros estatutos para regulamentar a profissão de cervejeiro. Com o aumento no número de produtores, houve diversificação e melhoria na qualidade da bebida. Na época, a localização da cervejaria dependia da água, que determinava o tipo de bebida produzida.

Clique no audioguia abaixo para saber mais:

Idade Moderna

Nos séculos XV e XVI, o vinho estava com preço elevado, fazendo com que a cerveja prosperasse. A primeira cervejaria das Américas foi instalada em 1542, no México, por Alfonso Herrera. No século XVII, houve crise no abastecimento de madeiras usadas nos barris, a cevada ficou cara e a competição por mercados aumentou. Outras bebidas ganharam seu destaque nesse período, como o uísque e o gin. O café e o chá também entraram em cena, muito usados em reuniões. Já a cerveja foi levada para fora do ambiente familiar, sendo relacionada à celebrações.

Quer saber mais? Clique no audioguia:

Enquanto isso, no Brasil

A cachaça era a bebida popular no Brasil Colônia. Além dela, a elite consumia licores franceses e vinhos portugueses. A cerveja só chegou ao país no século XVII com a Companhia das Índias Orientais, pelos holandeses. Em 1640, Maurício de Nassau instalou uma cervejaria em Recife, porém, com a expulsão dos holandeses, a bebida sumiu por cerca de 150 anos, reaparecendo com a chegada da Família Real Portuguesa, em 1808. Ela era chamada de “Cerveja Barbante” ou “Marca Barbante”, devido a necessidade de se prender uma rolha à garrafa.

Acesse o audioguia abaixo para conhecer a história completa:

A cerveja brasileira

Até 1870, eram consumidas cervejas importadas da Inglaterra. Mas, no século XIX, ficou inviável comercializar o produto estrangeiro por conta do aumento dos impostos. Com isso, a bebida passou a ser fabricada no Brasil, ela seguia técnicas artesanais e sofria dificuldades por conta dos ingredientes e da refrigeração, devido ao clima. Mesmo com obstáculos, a produção passou de pequena para industrial, como a Imperial Fábrica de Cerveja Nacional, de Henrique Kremer que, em 1898, passou a se chamar Cervejaria Bohemia.

Foi no século XX que as indústrias se consolidaram. Cliquei no audioguia para saber mais:

A Descoberta de Louis Pasteur

A cerveja chegou ao sabor que conhecemos hoje por conta de inúmeros avanços tecnológicos, como o surgimento do Coque, um combustível derivado do carvão betuminoso que fazia com que o malte secasse sem torrar; a descoberta da Pasteurização, por Louis Pasteur, em meados de 1860, que permitiu reduzir a concentração de micro-organismos deteriorantes; e o isolamento da levedura por Emil Christian Hansen, do laboratório Carlsberg, por volta de 1880, que possibilitou que as cervejas tivessem leveduras puras inoculadas, diminuindo a contaminação.

Ficou curioso? No audioguia abaixo você conhece mais sobre essas descobertas importantes:

Movimento Antialcoólico

Na Europa, o gin era incentivado por ter preço reduzido e maior porcentagem de álcool. Por conta disso, o alcoolismo tomou a região, fazendo com que inúmeros movimentos antialcoólicos surgissem no final do século XIX e início do século XX. Como a cerveja possuía menos álcool, o Parlamento Inglês aprovou o Beerhouse Act 1830, eliminando restrições à venda de cerveja e cidra, fazendo com que surgissem os primeiros PUBs. Isso aconteceu também na Bélgica, em 1919, com o Vandervelde Act, que proibiu a venda de outras bebidas além das cervejas nos bares.

Tem mais curiosidades no audioguia abaixo:

Lei Seca

Nos Estados Unidos, o movimento antialcoólico sempre existiu. Em 1630, houve um choque cultural: imigrantes ingleses conservadores de um lado e do outro, imigrantes de outros países, que bebiam muito. Surgiram então as primeiras ações das ligas antialcoólicas, que se juntaram a outras reformas, como da abolição e pelo voto feminino. Durante a 1ª Guerra, o consumo de bebidas foi proibido, com adesão de 23 estados, em 1917. A proibição levou à clandestinidade e à criminalidade: Al Capone dominou as destilarias e cervejarias.

A Lei Seca foi abolida em 1933, mas, antes, muita coisa aconteceu. Te contamos no audioguia abaixo:

O Renascimento da Cerveja

As duas grandes guerras afetaram o comércio cervejeiro em muitos aspectos. Após os combates, houve um renascimento mundial e as cervejarias tiveram alcance nacional, tornando-se industrial e perdendo a diversidade. Isso gerou o surgimento de um importante movimento na Inglaterra, o Campaign for Real Ale – CAMRA, em 1971. Os fundadores lutavam pela revitalização das cervejas, para garantir o sabor natural e fresco. Mesmo sendo considerado radical em certa fase, esse movimento reascendeu a bebida.

Você sabia que o CAMRA existe até hoje? Clica no audioguia abaixo para entender melhor esse momento da história:

Movimento Craftbeer

O CAMRA influenciou uma geração de empreendedores nos Estados Unidos, nas décadas de 60 e 70. Fritz Maytag foi o líder da revolução cervejeira artesanal. Comprou uma cervejaria falida, a Anchor Brewing e difundiu o movimento “Faça você mesmo”. Em 1979, o presidente Jimmy Carter assinou o Cranston Act, revogando restrições para a produção caseira de cerveja, a “homebrewer”, que se popularizou e chegou ao Brasil na década de 90. Nesse período, foi inaugurada a primeira microcervejaria do Brasil, a Dado Bier, em Porto Alegre.

Quer saber mais? Clique no audioguia abaixo:

A Escola Alemã

O conceito de Escola é usado para definir os núcleos de formação e disseminação da cultura cervejeira. A Alemanha, como produtora da bebida, está ligada à cerveja há milênios, com importância histórica no desenvolvimento de estilos e rigor nas técnicas de produção. É o 4º país produtor de cerveja do mundo e consome 85% de sua produção, além de ser o berço do estilo mais popular do mundo: Pilsen. Essa Escola é conhecida por suas cervejas menos lupuladas e mais refrescantes, com mais de 30 estilos.

Os estilos alemães de cerveja estão no audioguia abaixo:

A Escola Britânica

Muito mais que técnica, a Escola é definida por uma questão de tradição e relevância como polo disseminador. A cerveja é a bebida alcoólica mais popular do Reino Unido, sendo mais da metade do seu consumo do estilo Pilsen. A Escola Britânica é conhecida pelas cervejas mais maltadas e com menos carbonatação do que as da Escola Alemã. A Escócia foi um grande centro cervejeiro no século XIX e a Irlanda possui o mais alto índice de consumo de cervejas em bares do mundo, devido aos PUBs.

Você conhece os estilos da Escola Britânica no audioguia abaixo:

A Escola Belga

A definição de Escola Cervejeira não se baseia apenas na diversidade ou no uso de ingredientes locais. Também é levada em consideração a interação dessa cultura com a sociedade. A Bélgica é conhecida como paraíso das cervejas, com sofisticação e variedade de estilos. O belga possui fama de ser mestre na arte de enriquecer, propor variações, combinações e desafios ao paladar e olfato. Amante da culinária, ele explora a cerveja como ingrediente e nas harmonizações.

As cervejas belgas são conhecidas como as mais intensas e complexas do mundo e você conhece os estilos no audioguia abaixo:

A Escola Americana

As escolas também influenciam umas às outras, é importante conhecer e respeitar as trocas culturais que demonstram a diversidade. Ainda assim, as diferenças entre cada uma delas são visíveis. A história dos estadunidenses com a cerveja foi dividida em fases, acompanhando os momentos de uma sociedade que oscilou entre o liberalismo e o conservadorismo extremo. A Escola Americana trouxe uma releitura das três já existentes, adicionando características ímpares, como o uso de ingredientes locais e novas técnicas, criando cervejas mais lupuladas e com total liberdade e criatividade nas receitas.

Vem conhecer os estilos americanos no audioguia:

As variações da cerveja

Segundo a legislação brasileira, somente as bebidas feitas a partir do açúcar de grãos e que contenham, pelo menos, 20% de malte de cevada são consideradas cerveja. Além disso, várias características, desde ingredientes até a forma de produção, influenciam na diversidade dos estilos.

Clique no audioguia abaixo para entender melhor:

Malte de Cevada

A cevada possui várias características que a tornam ideal para a produção da cerveja, como o alto teor de amido, a presença de amilase, uma enzima que ajuda na conversão de amido em açúcar, as proteínas que contribuem para a formação de espuma, para o corpo e sua estabilidade coloidal.

A secagem e a torrefação determinam a cor e o aroma da cerveja, entre outras informações, que você pode conhecer clicando no audioguia:

Água

Ingrediente importante na qualidade final do produto, a água está presente em 90% da cerveja. Os aspectos considerados para a produção da bebida vão além da potabilidade, uma vez que sua química interfere bastante no sabor e no aroma. Hoje, é possível adicionar ou remover minerais à água, porém, até o século XIX, ter uma boa fonte de água era considerado primordial para a produção.

Clique no audioguia abaixo para entender melhor o uso da água na cerveja:

Lúpulo

Hoje, o lúpulo é o principal “tempero” da cerveja, oferecendo amargor, aroma e sabor. Ele pode ser adicionado em diferentes fases do processo de fabricação, dependendo das características que o cervejeiro deseja em cada bebida.

Existem inúmeras variedades de lúpulo e diversas formas de usá-lo na produção. Saiba mais clicando no audioguia:

Levedura

A levedura é uma massa de células vivas que provoca uma reação bioquímica, levando à fermentação alcoólica da cerveja. Hoje, é possível criar colônias próprias de leveduras e combiná-las para produzir estilos únicos. As cervejas são produzidas com duas espécies de levedura, as de baixa e alta fermentação, que influenciam na formação de aroma das bebidas.

Já sabia sobre as leveduras? No audioguia abaixo você entende como elas foram essenciais para a cerveja que conhecemos hoje:

Características e propriedades

Algumas características são essenciais para apreciar uma cerveja, como a aparência, que é analisada pela cor, resultado dos ingredientes utilizados – principalmente o malte e seu grau de torrefação – a espuma, que serve como uma proteção e deve ser brilhante e mais clara que o líquido, e a transparência, que caracteriza a cerveja como límpida ou turva, de acordo com o nível de partículas sólidas que estão no líquido.

No audioguia abaixo você aprende sua cada uma dessas características:

Estilos

O objetivo de classificar as cervejas em estilos é descrever os parâmetros daquelas que são referência na cultura cervejeira, ajudando o consumidor a escolher entre os diferentes rótulos e servindo de guia para os concursos cervejeiros, mas, em nenhum momento, desclassificar as bebidas que não se enquadrem nos estilos existentes. Existem as famílias de alta fermentação, Ale; as de baixa fermentação, Lager e as que usam leveduras selvagens: Sour.

No audioguia abaixo te apresentamos as características de cada estilo e família:

Copos e Harmonização

Para apreciar uma cerveja não são necessários rituais solenes ou procedimentos cerimoniosos, a natureza simples e alegre da bebida pede informalidade e simplicidade. Mas, alguns acessórios são essenciais para aproveitar toda a personalidade do líquido, como o copo. Existem outras características que melhoram a experiência gastronômica, como o clima, o ambiente e as harmonizações gastronômicas, que acrescentam sabores e aromas ao pratos e à degustação da bebida.

Quer entender melhor sobre como esses fatores amplificam sua experiência? Clique no audioguia abaixo:

A Regionalização da Cerveja

A cerveja foi considerada uma grande descoberta na sociedade, passando por diversos acontecimentos e sendo apreciada no mundo todo, como sinônimo de celebração.

Atualmente, a tendência é de regionalização da bebida, com a ascensão das microcervejarias e as cervejas artesanais no holofote. O Brasil tem potencial para virar uma Escola Cervejeira, levando a essência das frutas tropicais, especiarias e leveduras selvagens para esse mercado. Já possuímos um estilo reconhecido internacionalmente, a Catharina Sour, uma cerveja leve, ácida e refrescante, fermentada com lactobacillus e com adição de frutas tropicais.

E, para finalizar o trajeto do Museu aqui no Parque da Cerveja, te convidamos a ouvir o desfecho dessa história no audioguia abaixo.

Um brinde ao Frescor da Montanha!

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